Saudades de Rio Pardo
Ah! – que saudades eu tenho
Da princesa do Jacuí,
Dos banhados, das folias,
Saudades das pescarias
Saudades do irmão Erli.
Saudades de todos os irmãos
Reunidos em acampamento,
Do Rui, do Moita e do Ney
Do Otaviano, cozinheiro rei
E, de todos os peçonhentos.
Ah! Otaviano, que saudades,
De voltar lá da lagoa
Sujo e todo molhado,
Faminto e preocupado
Em comer tua comida boa.
Ainda sinto o cheirinho
Daquele “muçum refogado”;
Cada um tinha seu quinhão,
O Pedro, o Ivo o Juarez e o Bastião
Mas o Waldemar o tinha dobrado.
Que saudades das noitinhas,
Do vinho e da canção
Das vozes em serenata
ecoando no meio da mata;
Saudades do violão.
Saudades dos contos e causos
Nas rodas de chimarrão;
Da canha de guampa, da carne assada,
Do arroz carreteiro, da ceva gelada
Que misturavam prazer e emoção.
Sinto uma saudade imensa
Do verde campo do manso regato,
da lagoa azulada ... da passarada,
que em prelúdio da alvorada,
quebravam o silêncio do mato.
Sinto saudades de tudo
quando me lembro dali
só não tenho saudades
da “cruzeira”, sem piedade
que picou o parceiro Erli.
Saudade é sentimento
Do fundo do coração
É relembrar o passado
reviver, sonhando acordado
com novo encontro, em outra ocasião.
Maximo Enio da Silva