Cara de pau
(Mauro Leal)
De paletó GG bolorento, broche, canetas,
lapelas e lapiseiras,
um tal "barriga", transpirava e gesticulava,
com uma azeda "morrinha" ardida,
arcadas dentárias encardidas,
e a passos largos e pesados
tudo pela frente espanava.
E por vislumbrar, de tudo proveito tirar,
atrevia com envergonhantes e berrantes
"puxa saquismo" das heroínas obreiras, cantineiras, rodeando-as e adoçando-as,
assim como nos lares das irmandades,
com pretexto de visitação,
logo próximo ao meio dia com a pança vazia,
dando ênfase elogiando a refeição:
“- Minha amada, que delícia,
nunca vi comida tão boa,
nem aqui, nem na China e nem na Grécia,
parabéns, a irmã cozinha bem “abeça”.
De "maria gasolina",
um pinto buchudo no cisco,
se sentia nas nuvens, o cara,
e na certeza da garantia de absoluto sigilo,
sobre os comportamentos dos manos em suspensão,
não hesitava, era só delação.
Semi alfabetizado e infelizmente com limitadas oportunidade no mercado,
na cara de pau deslavada,
aproveitava da sofrida pensão
da generosa vozinha pobrezinha.[/b]