“ Não dominaram esse anelo forte
Que me impulsava a ser do mundo esperto,
Das manhas das nações, da humana sorte.
“Lancei-me às vagas do alto mar aberto;
Sobre um só lenho me seguiu companha
De poucos, mas de afouto peito e certo.
A Divina Comédia - Inferno, canto xxvi
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Tomas as rédeas de mundo imaginário movendo rodas e sedas,
Removes invisível sujeira cingida nas rodas anátemas dos párias.
Nada posso fazer, desde que tu, cego defendes atroz a disputa,
Assinalas frio chorando aos deuses quando frágil encerrado estás.
Saibam todos que existe um mundo etéreo livre de impura visão,
O cego e o exegeta funcionam como malditos na missão de fingir,
Nomeadas as almas sinistras nada mais se podia então almejar,
definhaste, cantando, gemendo ais na obsessão desatinada e cruel
Na imensidão do mundo, como no meio de garrafa de loja qualquer,
Resta porém execrada, indelével, como tatuagem no peito salgado,
Ânsia girando sempre no eixo exultante para seres afinal revelado.
Designado para ser mais um só, ao longo de noites afins ostentadas,
Transpirando insanidade, soando as trombetas, profecias nos lábios
Uníssonos, vagos votos aziagos na extensão do que deverias sentir.