Qual figura obsoleta,
neste mundo sem constante,
não me vim a esquecer?
Qual criatura esperta
que com breves movimentos
me conseguiu prender?
Cheiro, presença ou essência
que me calhou testemunhar,
tudo toma por coincidência,
para além daquele seu ar.
Ó dita soberana!
Trazes-te a mim sem o saber fazer,
toda a alma, tempo e vida,
em que me deixei perder.
Tudo perco,
sem sentido.
Mas o que disto é razão?
Com cara de riso, ainda hoje
pondero em vão,
toda a lógica de um mundo
que nos escapa da mão.
Maria Toranja