Esta encerrada a era da superficialidade
e do engano A estrada te chama
ir embora é a língua da madrugada
Não é hora de teimosia
ficar é negar-se
o amor é uma chama doendo no uivo dos cães
quando a noite fria revela as entranhas
do desencanto, quando a mentira
é de quem julga-se amado
Mãos dadas sob o sol do verão
a verdade é lâmina e paciência
e as frutas azedas mais do que o impossível
apontam uma saída para o tédio
e na cidade que fede ao abandono fisiológico
dos moribundos de espírito
estou reduzido a ninguém
- missionário das ruas,
os passantes vivem a indagação planetária
de que só os pés abandonam as origens
e eu, que tanto desejei o amor,
dos oceanos mortos herdei o sal,
para meu espanto de peregrino não há objetivo
e só, os sonhos estilhaçados
na calçada entre o cão e o bêbado,
observo a mulher dar sentido ao verão
nas mãos de outro
[size=medium]Eriko y Alvym[/size]