Quando eu era adolescente gostava muito da soul music, como as de All Green e das baladas românticas como as de Ray Charles, Abba, Steve Wonder ou Bee Gees.
Foi uma boa época, todos finais de semana sempre tinha algum lugar com alguma festinha para irmos até que alguma coisa começou a acontecer e aquelas festinhas começaram a perder um pouco a graça. A reunião dos amigos parece que já não satisfazia a todos os gostos, começou parecer que começava a faltar alguma coisa
O nosso mundo começou a se ampliar ou a se desmoronar o de até então.
É um tempo muito curto, dos 13 aos 17, mas muito efervescente e determinante para o resto da vida e logo em seguida já sentimos o peso do mundo nas nossas costas e no meio deste período aconteceu o fato que me levou a escrever esta crônica.
Eu frequentava uma casa onde moravam três mulheres na faixa dos 20/25 anos e eu entre 15\16, e já era mais ouvinte de rock e uma delas se tornou o meu primeiro relacionamento e o meu primeiro “caldo”, como dizem os surfistas quando as ondas nos derrubam e nos levam ao fundo, e foi ali que passou a ser o meu “point” e onde os meus outros amigos já não tinham mais acesso.
E foi para curtir sons nesta casa que pedi emprestado para uma amiga, muito “maluca”, alguns sons “pesados”.
Apesar desta amiga ser uma aluna “primeira da classe” (se formou em medicina), rica e bonita, tinha uma vida dupla e namorava o maior “maluco” da cidade e que só eu sabia. Ele vivia me dando “presenças”, mas eu passava para frente, aquilo me tirava o chão e me deixava paranoico, não gostava.
Bom, esta amiga me emprestou um “LP” do Black Sabath, cujo significado do nome só fui saber muito mais tarde e da fama de adoradores de satã, embora eles sempre tenham refutado isso. O nome foi dado mais na gozação, mas a fama ficou.
Isto passou e hoje, como farejador de livrarias dei de cara com o CD correspondente ao LP daquela época e comprei-os, além do livro autobiográficado e segundo eles o nome da banda surgiu meio que aproveitando filmes de horror que estavam na moda naquela época, ainda sobre muita influência da Igreja, como o “O exorcista”, muito tempo proibido por aqui.
Na Mensagem do Graal, escrita pelo sábio alemão Abdruschin, ele nos diz que somos responsáveis por todos os nossos atos, e até aí não haveria nenhuma novidade, mas que também somos responsáveis também pelo que ouvimos e pelo que vemos.
Isto me levou a pensar sobre o assunto.
Como é que podemos ser responsáveis pelo que vemos? Mas o sentido não é propriamente no que vemos, mas na forma de como vemos as coisas e, principalmente, no sentimento que acompanha a nossa visão do objeto visto ou das palavras ou músicas que escutamos.
E ai a relação homem\mulher é um grande exemplo, pois dois homens, na grande maioria, não conseguem ficar batendo papo sem que a conversa seja interrompida quando passa uma mulher qualquer ostentando os seus atrativos físicos.
O homem das nossas bandas ainda é um babão, coisa que na Europa este olhar já é assédio consumado e só enche de moral as daqui.
Olhou e a forma como olhou criou formas no mundo fino invisível que o rodeia e também ao da mulher para onde foram direcionados e isto gera conseqüências.
Para quem não conhece o poder que possui a junção de milhares de pensamentos não consegue entender como alguém como o ex do FMI pode se expor à situação a que se expôs com a camareira do hotel.
Os pensamentos podem começar com uma brincadeira e crescendo na somatória com outros nutridores daqueles pensamentos, cedo ou tarde vão influenciar algum incauto e este não se contendo acaba efetuando um ato tão impensável para ele, ou alguém vir a trair a mulher e a família que ama com aventuras extraconjugais, colocando esta felicidade em risco, ou melhor, acabando com esta felicidade.
O problema é que qualquer um que fique alimentando estes pensamentos nutridores cedo ou tarde acaba influenciado, junto com os outros milhões de pensadores iguais, a um determinado acontecimento na matéria como tem acontecido muito na Índia ou recentemente com turistas estupradas nas vans do rio de Janeiro.
Eles são penalizados, mas no mundo fino tiveram muita ajuda de outros que alimentam os mesmos desejos, mas que não tem coragem de explicitar na prática e por isto o comentário do filosofo alemão de que somos responsáveis também pelo que vemos e escutamos.
Sim, pela forma como vemos as coisas, pois muitas vezes, sem nem imaginarmos, estamos sendo co-responsáveis por crimes que podem estar acontecendo lá do outro lado do mundo.
Eu sou casado, mas casei já depois de muitas vivências e já coroa, e como sempre fui muito observador, vi muitos casamentos se desfazerem porque os maridos começaram “alimentando” desejos por mulheres fora do casamento e aos poucos passaram do pensar e dos comentários feitos, para a materialização dos fatos, e ai como diz o provérbio “onde passa boi passa boiada”. O cara não para mais e o casamento acaba se esvaindo mesmo.
Somos responsáveis também pelo que ouvimos:
Quando caminhando com algum amigo assim e aceitamos ouvir comentários desses sobre alguma mulher que passa por nós e somos coniventes ou complacentes com os comentários ou damos alguma risada juntos, só para acompanhar, estamos sendo responsáveis, pois com as palavras e a aceitação delas estamos criando algo.
Tenho amigos com filhas adolescentes que ficam “babando” por meninas da mesma idade que as filhas deles e não se dão conta do quanto estão sendo desrespeitosos com as suas próprias filhas.
Estão alimentando algo que pode atingir as suas filhas, pois o homem e a mulher atual são totalmente ignorantes sobre a vida espiritual ou mental que acontece à sua volta.
Muitos pais e mães de família são co-responsáveis por muitos crimes sexuais que acontecem em algum canto do mundo.
Mas o que tem o Black Sabath, lá do inicio desta crônica, com tudo isso que estou falando?
Tem que eu andei muito agressivo naquele período que os estava escutando novamente e não me dava conta do que era, estava dirigindo de forma mais impaciente também.
Somos responsáveis pelo que ouvimos inclusive as músicas e aquelas que eu gostava e estava ouvindo novamente, estavam me causando mal e me dei conta disso.
E nesta analogia o que podemos esperar da nossa juventude que curte raps, e funcks?
Um dos ícones do estilo disse recentemente que não há rap sem ódio.
O que podemos esperar então do que estas audições podem causar e estão causando nos seus ouvintes? Coisa boa não é, e depois ficamos chocados quando vemos adolescentes fazendo atrocidades, pondo fogos em indigentes, ou entre eles mesmos.
Conhecendo-se as leis que regem os mundos dos pensamentos e dos sentimentos, as leis espirituais que formam as sementeiras que nos aguardarão, não tem como se esperar amor e compreensão de onde estas qualidades não foram alimentadas.
A paz se inicia no nosso intimo e é conseguida, como nos ensina o sábio alemão já citado, com aquilo que vemos, escutamos, pensamos, sentimos e realizamos.
E o conselho que ele nos dá é:
“Conservai puro o foco da vontade e de vossos pensamentos, com isso estabelecereis a paz e sereis felizes!” Abdruschin em Na Luz da Verdade – No reino dos demônios e dos fantasmas – www.graal.org.br
E quem sabe assim não vivenciaremos as sabias palavras da também escritora Roselis von Sass:
"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo”.