Desperta Évora que te caminho!
Ruas escuras sob estrelas.
Alma nua, roxa d'ilusão,
fria pela calha sinuosa.
Tua Alma retorcida
em mística ascensão.
Ascensão violenta!
Desperta! Évora adormecida ...
Acorda a madrugada em silêncio,
e sob olhar atento, fixa o firmamento.
Busca o teu amado ...
Quantas estrelas t'iluminam no caminho!
Quantos ventos te sussurram ao ouvido!
Quantos Deuses te protegem na demanda!
Ó Évora, acorda!
Porquê tanto silêncio, tanto breu,
se a aurora se aproxima?!
Busca o teu Amor!
Ai o teu Amor!
Por onde o teu Amor a esta hora???
E oiço Évora amarga:
"- Escuta sem demora:
meu amado jaz sepulto numa campa!
Morreu-de-dor na queda d'uma aurora
ao romper a espera que fazia ao meu Amor!"
Diz-lhe ainda, ó Évora adormecida,
que teu corpo morre em Vida
no odor dessa campa vazia!
Évora ... escuta ainda:
"- Dor-de-amor que espera
igual a ter ou não ter enterra!
É hora! Talvez morrer!
Que mais perder ao partir agora?!!"
Ó Évora! Contigo pereço!!!
Chora que eu fico e adormeço ...
Ricardo Louro
em Évora
"quasi madrugada"
Caminhar pela Évora adormecida durante a madrugada sinuosa delira-me os sentidos, possui-me a Alma, devora-me o Coração ...
Ricardo Maria Louro