Passa a Senhora da Orada
num andor de mil-flores
abençoando a Alma do Outeiro!
Avança pelas ruas ladeada pelo Povo.
Toca a banda "Avé-Maria"
e a Virgem, tão Pia, Senhora do Convento,
já se vê, esvoaçando ao vento,
o seu manto de damasco ...
Cachos negros sobre os ombros,
olhar sereno maternal,
mãos-postas sobre o ventre,
e diz quem sente,
que o véu-branco sobre as costas,
toma a divina cor-do-Céu.
Pelas ruas, ricas colchas nas janelas!
E a Senhora passa,
passa num pisar de brancas açucenas,
perfumando ao longe,
a dor das nossas penas.
E passa ... passa a Senhora da Orada,
passa em longa procissão.
Chora ... chora o Povo do Outeiro,
chora a fria-solidão!
Minh'Alma reza ... reza e canta em oração:
"- Que a Senhora da Orada hoje e sempre nos proteja!"
Ricardo Louro
no Chiado
em Lisboa
- À procissão de Nossa Senhora da Orada realizada na aldeia do Outeiro na Freguesia de Monsaraz. -
Ricardo Maria Louro