Lusitanum
Segundo, sobreviver na serra
Nas terras da serrania do Luso
Haviam lobos, ursos, linces, mamutes
Ferozes, diabólicos que faziam do abuso
Azimutes…
Os celtiberos da região eram perspicazes
Olhavam a natureza com amor;
Eram selvagens capazes
Do melhor e do pior!
Na lei de Darwin eram os mais fracos
Da cadeia alimentar definida;
De pancada eram sacos
E jantar de muita fera ferida…
Mas sobreviveram os mais fortes:
De metro e meio, barbudos, cabeludos
Que moravam em cavernas de mortes
De ursos bojudos.
A sua observação da natureza
Dava para imitar os seus competidores,
Como os lobos. Na sua beleza
Generosos e predadores.
Como estes, atacavam em alcateia
Faziam emboscadas às presas,
Como quem semeia
Tempestades, e surpresas…
Segundo os povos colonizadores,
Dentre os mais conhecidos os romanos,
Esta tribo de malfeitores
Comeriam humanos…
Com tão pouca altura
E vestidos de peles de bestas
Pareciam uma mistura de urso, lobo e mordedura,
A quem não se faria nunca festas…
Estes seres mitológicos eram poligâmicos,
Com um macho dominante
Que partilhava as suas fêmeas em festins orgânicos
Cada uma era de todos amante:
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.