Amar em vida o que a vida dá
A renúncia ao amor é cair em erro
Sendo a queda fatal para cá do céu.
Quem não ama mente naquilo que fala
E cala-se ao resto no mais puro fingimento
Respira das favas, toma o ar por alimento
É campónio feliz no desdém da cidade.
Ao amor só basta um pistão e nada mais
Uma única porta que ao cerrar não adule
O terrível bradar do amor pela metade.
É justa causa o apelo do ar mais puro
Da voz mais pura e do pensar igual
Tudo isto naturezas que não ofendem.
Só o amor aproveita o vigor da mocidade
E faz treino à ferida para curar o desejo
É esfregona de gente a beijar azulejo
Com água que espuma a eficácia de um beijo
O amor faz do vício a desculpa da idade.
Proteger o amor é verdade natural
Já fez a vida aos homens esse mesmo sinal
Pelos olhos espantados de uma criança
Que se serve da arma para uma mudança.
Sim, que deixes as quadras e os quintetos
Estrofe nenhuma terá por certo
A força augusta de um céu aberto.
Nesse cenário azul cabe todo o Homem
Pois o amor unirá todas as discordâncias.
Numa harmonia sem rimas e isso está certo!