Mantermo-nos vivos, só isso importa
Para a vida ser o que é, a vida,
Não são precisos refinamentos linguísticos
Padrões vários, uniões forçadas e desperdícios
Não é necessário nada disso para se ser.
Alguém virá reclamar a individualidade
Outros virão com o sigilo bancário e outrem
Consagrará a liberdade religiosa como bem-vinda
Mas de que serve isso num simples hospital?
As horas estão sempre a acabar e largam os dias
A roseira que pica, tomba com a podoa
Não faltam exemplos concretos e acabados
De que algo na vida ao fim compromete-a
E então ela acaba-se sem importância.
Não é preciso amar para ser feliz
Basta ser-se feliz a poupar batalhas
Calha ganhar, calha perder, mas em pouco
Numa moda de passividade oriental
Suprimir o desejo e a vaidade, derrubar cercas
E fazer votos afastados em abismos cortantes
Eis aqui e agora um homem novo e próximo
Produz para a comunidade e espera o arroz.
As ideias humanas que sempre aparecem
São folhas novas que em verde prometem
Dar a força ao ego e uma máquina ao mundo
Humano, só humano esse mundo
Carente da soberania sobre si próprio
Amor? Não. Falar, só falo da vida.