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Não superaria as procelas, nem as monções,
estranguladas por entre as gretas que se abrem pelos céus,
sem o som dos sete mares,
falar-me-ás de silêncios insuportáveis,
com sendo a geometria das conchas marinhas o mito dos náufragos,
quantas as dores,
quantos os quebrantares por insolações tardias aglomeradas num equinócio que implode o vulcão aprisionado,
e contas-me a estória repetida, sempre inacabada,
do filho das musas ouvindo os rouxinóis cantando.
[sempre os rouxinóis...]
As amarras despedaçam-se de tão frágeis,
rapidamente,
como me cansam as vontades que se apagam,
como o cansaço me soletra sem um final rápido,
não tenho medo da morte,
de tão tatuada na minha pele, ou do amar,
binômios que entram silenciosamente por uma janela entreaberta qual brisa suave da primavera que tarda,
e leio-te, e saber-te-ei destecendo rosários,
amarelados, ou da cor da madeira molhada,
por entre o fumegar de pavios daquelas velas cor de linho.
É esta a tua teima pelos horizontes,
sussurrarás, destapando-me.
Apenas.
[talvez um dia os deuses ouçam os homens... ]
(Ricardo Pocinho)
Nota
estória – uma palavra polêmica (que seja)
A palavra estória é uma forma divergente de história, pois ambas têm origem no grego historia, -as(exame, informação, pesquisa, estudo, ciência) através do latim historia, -ae, tendo a forma estória entrado através do inglês story.
O Dicionário Houaiss (brasileiro, mas também com uma edição portuguesa) informa-nos, na etimologia desta palavra, que estória foi uma forma "adotada pelo conde de Sabugosa com o sentido de narrativa de ficção, segundo informa J.A. Carvalho no seu livro Discurso & Narração, Vitória, 1995, p. 9-11".
Em Portugal, apenas alguns dicionários registam estória; no entanto, esta palavra é atualmente utilizada com muita frequência com o sentido de narrativa popular.
Em relação a estas palavras, o Dicionário Aurélio (também brasileiro) faz mesmo uma recomendação: "[Recomenda-se apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções.]".
Em contextos em que o utilizador da língua queira evitar o uso de uma palavra polémica, deverá utilizar sempre a forma história, pois em relação a esta não há qualquer controvérsia. (texto do FLIP)