Éramos muitos,
Não sei quantos, mas muitos,
E Deus criou a palavra, e por ela nos votou à imperfeição,
Davam-nos papel higiénico para limpar a cavidade oral,
E Deus criou o corpo e as montanhas,
E em ambos colocou abismos insondáveis,
Éramos muitos e fortes, e eles poucos e fracos,
E para que conservássemos a vida
Deus criou o medo
Éramos muitos,
No entanto os nossos braços fortes pendiam
Como galhos despidos aos primeiros sopros do vento de Outono.
(…)
Não nos preocupemos, amigos, em colecionar as falhas dos ricos,
Eles são gente poupada – e paciente – certeza é que
Aguardam o momento certo para nos lançar a funda dos nossos pecados à cara.