Não temo a Morte. Ela que siga na faina, em frente,
o inferno não será um lugar proibido para minha alma.
Não sou comum, todo meu viver sempre foi diferente,
trago gravado no peito o estigma que à sorte espalma
Tenho já fragmentada carne ora imune aos estilhaços,
posso deitar-me na vala comum destinada aos mendigos,
vendo a ponte que leva ao paraíso ao longe, em espaços,
sem jamais poder andar por ela, como entre os jazigos.
Não tentem demove-La! Deixem-me ir de encontro a Ela,
quero descansar em paz, em Sua honra, homenagem singela,
esqueçam o que fui, não me tratem como a um cão raivoso
Agora me desdenha, move-se como marinheiro embriagado,
desvia-se, cambaleia, não permite que caminhe ao Seu lado,
que possa ocupar a sepultura pela eternidade, tão orgulhoso.