Passo, apressadamente os homens colam panfletos,
os rostos vão-se erguendo engomados,
a tômbola gira desconfiada, viciada, as pontes
continuam a morrer de pé como os despojados
que abrigam a fome nas fileiras do desespero
Passo onde Abril foi voz, lágrimas, liberdade
um cravo plantado à beira mar, um canto
“que já não sabia a idade”.
Um canto que já não sabe a igualdade,
o povo já não ordena, nem dentro
nem fora da cidade,
passo, elevo o punho ao vento,
e semeio em cada esquina um
cravo, que “jurei ter por companheiro”.
Conceição Bernardino