Penetra por entre as frinchas do meu coração
A brisa da tarde ensolarada,
Que se aconchega no meu querer amar,
Mas onde o gelo da indiferença
Do coração daquela mulher
Derrete rapidamente todo o calor
Que se faz anseio, do meu sentir!
É como se o mar do meu amor,
Quente e perfumado pela maresia,
Fosse invadido por um iceberg
Que congelasse toda a minha paixão!
Tenta o meu pobre coração exangue,
Vigorosa e positivamente reagir
Aos ataques gélidos daquela brisa insistente
Por tanta dureza, mas debalde!
Fazem-se lágrimas sofridas,
O borbulhar da vida,
Que antes fervilhava de esperança
De que ela me amasse!
A dor contrai-se-me no peito dorido,
Pela desilusão que o seu belo sorriso,
E o brilho dos seus olhos verdes
Me fizeram acreditar,
Na ingénua simplicidade
Da minha essência.
José Carlos Moutinho