Poemas : 

“fallacibus vendit”

 

“ O mocetão parara, encostado à espingarda, sob a janela onde a rapariga morena se debruçava entre os dois vasos de cravos. E assim encostado, depois de rir para a moça, acenou ao Fidalgo, num desafio largo, com a cabeça alta, a borla do barrete toda espetada como uma crista flamante.”

A Ilustre Casa De Ramirez, Capítulo V, Eca De Queiroz - Página 5






Evoé! Vejo-te arrogante mordendo duro metal do bridão,
enquanto a tua alma engastas,só, na penumbra dum sótão;
essa tua voluntariedade é sanha eterna, mas hábito tolo,
tens um longo tempo para dizer de alguém, é teu consolo.

Pulsas sim, como pirilampo no escurecimento do jardim,
tão discretas, as primeiras luzes que emites são festim.
No pó, ao longo das ruas vazias, és solitário arauto de ti,
apenas ladras, almejando as palavras ditas serem bisturi.

Quantas vezes tu deixaste teu espaço onde enjaulado,
observas absorto e ao longe as trilhas e ruas da cidade,
criando cada vez mais um vazio medonho ao teu redor?

Emociona-te, como raras nuvens negras num céu azulado,
como tenra folha de grama pisada, engoles tua ansiedade,
encerra-te num frasco, és falastrão, de pulhas um vendedor.

 
Autor
shen.noshsaum
 
Texto
Data
Leituras
695
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.