ARENGA FAMILIAR
A nossa vida Luzia, Ruma de mal a pior! Não mandei vir caristia. Bem o sabes, meu estupor!
Se isto não muda, mulher
Pega-lhe um raio do corisco!
E o que podemos fazer?
Tem paciência, Francisco!
E eu, esgotado só de pensar
Que o ordenado vai acabar,
Tenho um ataque do coração,
E sai-me um traque, nesta aflição!...
À para aí quem nos diga Que votar é um dever Para enchermos a barriga
Aos que sobem ao poder...
Conheço bem essas manhas.
Não as conseguem mudar;
Mas, quem for em tais patranhas, Em burro pode acabar!
Já ninguém pode com tal desgraça! Quem nos acode?
Nem a cachaça! Que hei-de eu fazer,sem um tostão? Bom: se morrer... não há caixão!...
Oh, mulher foi uma asneira
Termos pensado em consórcio!
E agora? Esta brincadeira
Vai terminar em divórcio!
Não digas tais disparates:
Alguém há-de ficar vivo!
Comer banana e tomates
Limpa o tubo digestivo...
Que pessismo nos envolveu!
Nem o turismo nos socorreu!
Que desamparo e frustração!
Sempre mais caro andar de avião!