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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."
Cavicórneo encafuado,
querelado misantropo,
sorumbático vela a prole,
graduado na rotina,
agrilhetado pelos pés,
trás grilhões no torto pescoço,
almejando igualar-se
aos demais tão superiores,
suporta sacrifícios, tantas dores
algemados pelas patas,
quer espalhar maravilhas,
jamais deixar por menos.
Carrancudo, tartamudo,
barracuda descamada,
boca muda, pede ajuda,
chupa fruta amuado,
despedaça a caroçuda,
emburrado, mal amado,
move a mão já cabeluda,
tronchuda garra proeminente,
a manopla saliente,
o semblante carregado,
está em voga macambúzio,
vê a fêmea barriguda.
Ode ao bode,
muita loa à Balboa,
mesmo à toa, a coisa é boa,
que jamais o defenestra,
na canhestra beira
de papel jornal,
na desgraça não vê mal,
necessitado da atenção
que foi negada.
Despojado miserável,
tão carente de afeto
mendiga a comiseração,
Satã encafuado,
dissipando a neblina,
entornando uma tina,
bordejando a campina,
enterrando carabina
no buraco da latrina.