Poemas : 

Balada do Poeta Virtual

 
o poeta virtual

será sempre virtual

passa o tempo dividido

entre bares de minas

e mosteiros do nepal


o poeta virtual

inventa musas de papel

folhas brancas timbradas

desviadas da repartição pública

onde chega na hora exata

com seu terno surrado

e indiscreta gravata


o poeta virtual

diz às musas de papel

que qualquer dias desses

ainda belisca o nobel

e irá a estocolmo

num avião virtual

melhor assim

menos mal

avião virtual não costuma cair

nem ser seqüestrado

nem tão pouco explodir


quando regressar a minas

será feriado local

vai ter cerveja quente

vai ter hino nacional


o poeta vai comer a mulher do prefeito

a do juiz do direito

vai ter um puta carnaval


pior será o dia seguinte

aí sim virá o drama

quando às 6 da manhã

o infeliz perceber

que ao dormir caiu da cama


(pode ser que se mate!)

__________

júlio


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
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