o poeta virtual
será sempre virtual
passa o tempo dividido
entre bares de minas
e mosteiros do nepal
o poeta virtual
inventa musas de papel
folhas brancas timbradas
desviadas da repartição pública
onde chega na hora exata
com seu terno surrado
e indiscreta gravata
o poeta virtual
diz às musas de papel
que qualquer dias desses
ainda belisca o nobel
e irá a estocolmo
num avião virtual
melhor assim
menos mal
avião virtual não costuma cair
nem ser seqüestrado
nem tão pouco explodir
quando regressar a minas
será feriado local
vai ter cerveja quente
vai ter hino nacional
o poeta vai comer a mulher do prefeito
a do juiz do direito
vai ter um puta carnaval
pior será o dia seguinte
aí sim virá o drama
quando às 6 da manhã
o infeliz perceber
que ao dormir caiu da cama
(pode ser que se mate!)
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júlio
Júlio Saraiva