POEMA ROTO, DUM CORPO
POR ONDE ENTRA UM ARCO-ÍRIS!
O tecido do tempo, que me cobre,
Está rompido
Pelo roçar das esquinas do tempo
Por ele passado;
Asperezas de esquinas de inverno,
Escaldões de verão
Insónias de luares
Excesso de doçuras primaveris!
No tecido, do tempo que me cobre,
Há buracos por onde me entram estrelas,
Luares de lua cheia,
Brisas suaves e doces de mares!
Tecido velho,
Que há muito tempo me cobre!
Novo não há quem me dê
E o velho muito me descobre!
Nele, rasgões de ilusões passadas,
Esperanças perdidas,
Nódoas nunca tiradas.
Nunca dele saídas!
Porém, pelo maior rasgão,
Que o tecido tem,
É por onde entra, no meu coração,
O arco-íris das cores que minha vida tem;
Vantagem do tecido velho,
Que estando roto, pelo tempo,
Me cobre menos por fora,
Mas mostra-me mais por dentro!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar-PORTUGAL
Figas