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Encantamento

 
Sempre quis escrever sobre o amor. Escrever uma bela história de amor. Palavras Shakesperianas, expressões de amor profundo e que demostrasse as mais doces palavras ou mais profunda insanidade. Eu nunca acreditei em finais felizes, por mais que eu pudesse imaginar uma princesa, estereótipos da Disney, a verdade é que nunca considerei a chance disto existir no mundo real. Acontece que demoramos muito tempo para aprender o que é realmente ser e quem é um amor encantado. Não é uma questão de conforto visual e nem de demonstração clara e não circunstancial de ações. Há de ser mais profundo. Há de ser a possibilidade de um toque ou gesto que torne, ou faça nascer, um amor ilimitado. Outro fato típico que acompanha este amor é seu inverso, pois para tudo na vida, existe o outro lado da moeda. A dor, a perda ou a impossibilidade, inevitavelmente, o acompanham (sobre isto falarei mais tarde, algum dia, quanto estiver pronta). Mas é fato inquestionável que este amor é possível e por consequência príncipes encantados existem. Poderia metaforizar com várias palavras como fiz esta descoberta, no entanto, prefiro falar sobre como é e como é possível reconhecer um. O primeiro fato que deve ser entendido é que geralmente já o conhecemos em algum momento, e não notamos sua presença. Em geral eles demostram sua tendência desde pequenos, mesmo que de forma sutil. Pessoas ao seu redor também poderão o reconhecer, pois normalmente este está mais perto que consideramos e, quando esta afirmação não é verdadeira, há necessariamente um feixe de fatos, inclusive alguns que parecem desconectados ou avulsos, que conduzem ao encontro e ao conhecimento dessas informações. Há também a experiência e a palavras das “fadas madrinhas” – sim: fadas madrinhas – elas também existem e estão sempre com seus sorrisos rosados nos atentando e nos encantando de alguma forma. É importante ter cuidado, a calma comedida e a leveza de conseguir demostrar o nosso verdadeiro eu para que possa haver o encantamento. O encantamento é um processo, ou como aprendi com Exupery, é um rito. Este rito não depende do tempo, pode ser instantâneo (aquela ideia de amor à primeira vista) ou pode ir crescendo. Além do tempo, deve-se predispor ao encontro, mas não ao encontro que estamos acostumados, me refiro a troca de energias, a troca de um momento de profundo silêncio e deste ponto cai-se no próximo passo: arriscar. Assim como aprendemos quando criança quando damos o nosso primeiro passo, é necessário um risco, entenda bem – isto não é uma provação e sim um risco – um dia deve acordar pela manhã, ou apreciar o brilho de alguma hora e partir para o risco. Acredito que esta seja a etapa mais difícil, o risco é um dos maiores e ludibriadores sentimentos humanos, evoca o medo e nos faz perder a ação. Quando nos dispomos a vencer este risco aparece a cilada do sim? ou não? Eu sei que será difícil acreditarem que só existe o sim. Se ouvir algum não, e achar que este não é um formato de sim você deve lembrar que ao universo do verdadeiro sentimento existe a liberdade. Liberdade esta de aceitar a felicidade do outro como sua própria felicidade e um novo ponto de recomeço. Caso ouça o sim, há ainda de se ter mais cuidado, passa-se a fase de preparação. O encantamento é um processo de tempo limitado, para algo que o procede: o amor. Eu ainda não consigo, e acredito que com palavras objetivas, nunca conseguirei, definir este tão famoso tipo de amor. É algo tão agitado e tão calmo quanto as estrelas no céu ou as ondas quebrando contra as rochas na praia. O amor é uma descoberta. A descoberta de imensos sentidos e sentimentos alinhados com a maior expressão do verdadeiro ser-humano.

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Escrito por Karoline Elis Lopes
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Karoline_Elis_Lopes
 
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