Admirava as chamas que crepitavam na minha lareira
Vi um cavaco em agonia, estava a ficar em cinza.
Nesse momento pensei à vida, pensei à morte!
Pensei que esse cavaco veio de uma arvore
Que brotou da terra, que cresceu, fez-se forte.
Como nós, também tem vida, tem o seu ciclo.
Do seu tronco brotam os ramos, dos ramos as folhas
Vivem altaneiras e dão beleza à Terra,
Dão-nos a sombra para nos podermos refrescar.
Dão-nos o oxigénio para podermos respirar.
O dia vem em que o seu ciclo começa a chegar ao fim.
São abatidas, desfolhadas, cortadas sem piédade.
Mais tarde vamos encontra-las em nossas casas
Transformadas em móveis, transformadas em cavacos
Para nos aquecerem e nos darem comodidade.
Como nós, elas morrem, acabam em cinzas.
O homem em cinzas também ou em poeira.
É assim a vida quer se queira ou não queira.
Chora-se a pessoa que morreu,
Não se chora a arvore que nos aqueceu.
Por ela, ninguém se vai enlutar, ela...
Que nos ajudou a respirar, ela que purificou o ar!
A. da fonseca