Livre
No princípio era eu
de pés e mãos atadas
em busca da verdade
que não achei nos humanos...
Depois...
«marginaram-me» porque quis ser livre
e descobri em caminhos comuns
uma rota diferente...
...e cantei debaixo de fogo
os meus poemas brancos...
... e fabriquei umas asas de luz
para atingir estrelas...
... e acreditei em voos ao acaso
e silêncios serenos...
... e pus o Sol onde havia mentira
e combati terror...
... e quebrei minhas algemas de oiro
com chaves de cristal...
Agora...
«marginado» sou livre
como o Sol, como o vento, como o mar
como o sonho a nascer...
como a ave a voar...
como o rio a correr...
como a onda a quebrar...
Sou livre
embora marginado
vou gritar
e vou dizer
e vou cantar
e vou levar
ao meu irmão
na mão
uma flor:
Amor... Amor... Amor...
Maria Helena Amaro
Maio, 1975