(Nova versão do poema:O Amor de Pocotó)
A índia Mony
tatuava o corpo
com plumas de ema
e pavão.
Adornava os seios,
colares de dentes,
pulseiras de capim,
unhas de gavião.
Adormecia ouvindo
o canto das selvas;
estrelas iluminavam
a palma da mão.
O corpo despido,
Iluminava cavernas;
acima das nuvens
ouvia a manhã.
Seus dedos buliam
as ondas do mar,
e os cabelos adornados
com fios de lã.
Duendes gulosos
dormiam em taperas;
não viam perigos
no meio das feras.
Escondiam nas grutas,
cestas de assados
doces e frutas.
A índia Mony ouvia
perto e longe
poemas de amor,
nos lábios do índio,
que imitava cavalos,
trotando nas pedras.
Cheio de calos,
andava a mancar
e sempre a dizer:
'pocotó', 'pocotó',
'pocotó'...
Cansada de ser só,
movia os cabelos
no meio do pó.
Ao amanhecer,
bem longe ouvia:
'Pocotó' 'Pocotó...'
O sol nascia
entre as folhas,
flores e ervas.
Índios jovens e velhos
voltaram a pescar,
e correr.
A índia Mony
tornou-se mulher.
A tribo inteira
dançava na chuva,
celebravam o casamento
da lua e do sol.
Versos de amor
surgiam das águas,
no meio do tempo,
e do pó.
A índia Mony
Soltou os cabelos,
neles deu um nó.
De todos os cantos
os ventos sopravam.
A índia Mony,
cheia de encantos,
encontrou o amor
de Pocotó.
Poemas em ondas deslizam nas águas.