Por vezes penso que conseguirei escrever algo
De tão diferente, que deixarei todos fascinados,
Pois as palavras que irei aconchegar na folha branca,
Do imaginário papel virtual do computador,
Serão tão sublimes,
Que jamais algum poeta as conseguirá imitar!
Começo a tarefa de captar as ondas das ideias
Que antes navegavam pela minha mente
E colocá-las nas areias serenas,
Acariciadas por alvas espumas,
Aonde se farão poemas!
Ah...mas o que em pensamento era óbvio,
Pela facilidade com que deslizavam
Em palavras de encantamento,
Tornava-se um árduo trabalho, transpô-las
Com toda a sua beleza, para a realidade da escrita!
Estranho paradoxo entre o pensar e o fazer,
Entre a mente e a mão que escreve,
Era tão fácil, e eu tinha absoluta certeza
De fazer o mais belo poema,
Que ninguém mais conseguiria fazer,
Todavia, não consegui mais
Do que estas simples e insignificantes palavras,
Sem qualquer valor poético!
Sinto-me frustrado!
Quero descobrir um modo
De fazer do pensamento,
Palavra escrita e definitiva,
Que não me perca pelos mares do esquecimento
E que as palavras em poesia, não naufraguem,
Antes de atingirem o porto do meu querer,
Em fazer um belo poema.
José Carlos Moutinho.