Porque corre tão depressa o tempo
que se escusa no querer do nosso tempo,
Porquê as horas parecem minutos
quando a felicidade é nossa companheira,
E os minutos são eternos
na lentidão das nossas dores!
Luar de azul sereno
que pode abraçar a alegria
como acolher o choro da tristeza,
Sol que brilhante e escaldante
é incapaz de aquecer corações
sofridos pelo gelo da indiferença!
Chuva que cai suavemente,
em gotas que se misturam com lágrimas
e deslizam geladas por rostos cansados!
Ruas em bulício que abafam prantos,
Flores perfumadas e coloridas,
inúteis em dar às vidas sem vida
aromas e cores!
Chão duro, de asfalto negro
cor da morte da esperança
no caminhar da injusta desigualdade!
Céus de matizes celestiais
que a todos quer iluminar,
mas as tardes cinzentas
a tantos tenta contrariar.
José Carlos Moutinho