Insatisfeito. Não comigo, mas com o que tenho que dar ao mundo para que ele me entregue o que quero. Eu poderia ser alguém mais comum ou simplesmente me retirar para uma viagem solitária para dentro de mim mesmo e não ter necessidades.
É tão estranho só poder ser eu. Ser e estar neste corpo e apenas neste, com um prazo de validade nesta prisão. Será que estou gastando o tempo que me foi dado da forma correta ou simplesmente isso nem importa, na verdade? Eu penso no que vou pensar; o Fernando do futuro que estará lendo isto serei eu mesmo? O que é o tempo, se eu não sou mais o mesmo de um minuto atrás, se a cada segundo meu corpo morre um pouco mais?
A cada palavra, um pouco mais de morte se aproxima e eu simplesmente entendo nada. Se a cada sete anos, toda e cada célula do meu corpo já morreu e foi substituída por outra, o que sou eu, afinal? Do que sou composto, se não é do material que sou agora? Ou será que dentro de sete anos, serei um ser totalmente diferente? Por mais que meus pensamentos tenham mudado, continuo me sentindo da mesma forma que me sentia quando era criança. Diferente, mas igual, acho que ainda sou eu e sempre serei. Seria eu uma alma?