existe uma coisa que se chama epifania
que todo ser humano tem
em alguns momentos da vida
que são aqueles momentos
em que se sente que se está vivendo bem
uma maravilha sem tamanho
pois tudo parece tão ótimo e intenso
que ofusca com seu brilho de totalidade
as coisas pequenas e os problemas humanos.
pois é dado a todo ser humano
ter epifania
independente da sua condição
pois a felicidade verdadeira
está no espírito
na mente, na postura, na vontade
e na conduta.
portanto até mesmo o mais pobre
ou a criança desamparada
ou o errante sem rumo
podem ter, naquele momento certo
de autodescoberta
a tal epifania.
Ela vem ao coração
e à cabeça
como uma perfeita conjugação
de sentimento e pensamento.
A epifania faz desaparecer
os incômodos reincidentes
os sentimentos ruins
e as apreensões indesejáveis.
Todo ser humano tem um momento desse
na vida:
de repente ele se sente leve
e sorri e suspira
e ri e delira.
É uma felicidade inacreditável
que ele não julgava pudesse haver
tão assim sem objeto.
E de repente ele sente que a vida
não podia acabar
que esse momento de epifania
bem que podia se prolongar...
Mas os momentos de epifania
são raros
e com a mudança de humor
ou de clima
se percebe que na vida
há muita dor e sofrimento
que embora muitas pessoas
cultivem um modo de vida monótono
pacato e ameno
há conflitos por toda parte
transtornos de todo tipo e flagelos
inevitáveis.
Contudo, como uma volta à epifania,
o sujeito raciocina e descobre
que há muito para ser vivido
que existem vários graus de pureza
e que portanto existem vários níveis
não de condição mas de felicidade.
Percebe-se que é possível ser feliz sempre
contentando-se com o que se tem,
aprendendo a valorizar os estudos
e os amigos e as pessoas boas
e a vida.
E que assim como o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre
nos ensinou que não há como não ser livre,
a epifania nos ensina que não há como
não ser feliz.
O homem está fadado a ser feliz.
Úmero Card'Osso