A vida é uma poesia sem linhas,
versos, estrofes ou sonetos.
A sua composição é dinâmica,
veloz e pode apagar ou
revelar o que sentimos.
Sua escrita é atemporal,
assim como nosso momento,
nossos sonhos ou medos.
Somos os autores dos destinos incertos,
somos as dores das rebeldias distintas,
sem palavras,
sem sentenças,
sem orações,
apenas com o dom da revolta,
com o dom da caminhada estampada na cara,
pois somos uma poesia em estado branco,
assim como a flor ao nascer,
o céu ao acordar,
seus olhos a sonhar.
A verdade não é revelada em um traço,
em um ponto de fuga
ou em um rascunho de seus punhos,
a vida é veloz como um sopro,
como um levantar de asas,
como o aquecer da alma,
como o esquecimento de seus versos.
O tempo ilude nossas histórias
e nossos personagens morrem na areia,
como palavras no vazio, sons no vácuo.
Eu posso tentar escrever tantos poemas,
tantas poesias, tantas ilusões,
mas nada é comparado a vida,
pois nas linhas vividas de minhas histórias
só restaram versos incríveis como a brisa do mar,
restaram recitações sem sustentação lógica
como o beijo que roubei de teus lábios,
o amor que furtei do seu coração e você gostou.
Seus cálidos dizeres sem força se foram,
apagam-se como aquela estrela lá longe que se foi
com o despertar do sol,
e nós seguimos novamente na estrada da paz,
como dois cosmos a se completarem.