A caneta fina sem graça
Ensaiou na mão um espaço
E impôs na força do traço
Um roteiro moderno de carcaça
E vai que a tinta é vacilante
E com contorções espasmódicas mortais
Dobrará um leito pra chamar dois jornais
Escrevendo um novo adiante
Vale tudo em dia que o mundo cala
Tampas entregues às chamas da cera
Bocados de quatro duma pera
Cumprindo os ditames da grande escala
E tudo isto em tempo real
Satélites e radiodifusões aos molhos
Forçando as órbitas dos olhos
Que só na cor preta vêm o mal
Não jogues ao lixo o que te dei
Foi amor ao olhar e não profissão
Doei o meu traço à tua mão
Não esqueças aquilo que te ensinei
E quando tua voz de gato se afastar
E te julgares natural e uma força a mais
Perdoa-me se te falo dos teus pais
Mas há muito neles que emendar.