Poemas : 

senti-lo-à o tejo pelas partidas

 
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É pelas alvoradas adormecidas que me ausento,
ausências sem destino,

senti-lo-à o tejo pelas partidas, relembra-me.

E,
os atlantes que deveriam sustentar um céu de escuridões,
ouvem os sons das lágrimas,
tocando o seco areal que as marés cobrirão,
algures,

sem nexo,
sem mores esperanças que um dia,
algum dia,
as tágides voltem a cantar aos que regressam, regressa-me.

Saber-me-ei longe de tão longe,
como as aves que migram buscando os equinócios,
apenas um que seja,

apenas um que me aqueça e me farte em redemoinhos
aos pavores dos ventos, que calam os cometas, cala-me.

Silêncios.

Ruem sonhos, num rorejar farto pelo salso mar em azul,
e,

mais longe ainda,
algumas improváveis tempestades desabrigam-se pelo branco das janelas onde se pintam as tuas orquídeas, desabriga-me apenas por esta noite,

deixa-me ser o verso que treme.

Pudesse eu ser.



(Ricardo Pocinho)



“... senti-lo-há o Nilo
Pode-lo-há o Indo ver, e o Gange ouvi-lo”
(Camões “Os Lusíadas” canto XXXIII)


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/07/2013 08:48  Atualizado: 28/07/2013 08:48
 Re: senti-lo-à o tejo pelas partidas
Voltou o poeta dos mares e das marés.

Gostei deste canto ás partidas e chegadas balançadas pelos ventos acoitando as marés. Bem alto se ouvem os sons das lágrimas pela saudade dos que partiram.

Fica um beijo e a alegria por ter o privilegio deste doce mar de escrita.


Beijo azul


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/07/2013 11:34  Atualizado: 28/07/2013 11:34
 Re: senti-lo-à o tejo pelas partidas
em cada canto de amor há sempre uma alma que se faz cais. parabéns por mais um belo poema navegante.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/07/2013 16:25  Atualizado: 28/07/2013 16:25
 Re: senti-lo-à o tejo pelas partidas
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verso que assim és
bramindo na vidraça da Alma
[minha
tremor, o teu]
acordando o sonho
expulsando as sombras
e seres todo

dizem...
e eu saber:

são versos
bramidos
força da natureza a uma alma só
que assim se abriga
na minha noite
que hoje
tão diferente
de tão próxima
será única
como único será
o florescer de não sei que pétalas
de não sei que orquídea já sou

[talvez
da que guardaste
à tua janela
quando era luar
e se fazia noite]


Agradeço-te
estas minhas palavras :))

e,

Sorrio-te