.
.
.
.
.
.
.
.......................................
***************************************
É pelas alvoradas adormecidas que me ausento,
ausências sem destino,
senti-lo-à o tejo pelas partidas, relembra-me.
E,
os atlantes que deveriam sustentar um céu de escuridões,
ouvem os sons das lágrimas,
tocando o seco areal que as marés cobrirão,
algures,
sem nexo,
sem mores esperanças que um dia,
algum dia,
as tágides voltem a cantar aos que regressam, regressa-me.
Saber-me-ei longe de tão longe,
como as aves que migram buscando os equinócios,
apenas um que seja,
apenas um que me aqueça e me farte em redemoinhos
aos pavores dos ventos, que calam os cometas, cala-me.
Silêncios.
Ruem sonhos, num rorejar farto pelo salso mar em azul,
e,
mais longe ainda,
algumas improváveis tempestades desabrigam-se pelo branco das janelas onde se pintam as tuas orquídeas, desabriga-me apenas por esta noite,
deixa-me ser o verso que treme.
Pudesse eu ser.
(Ricardo Pocinho)
“... senti-lo-há o Nilo
Pode-lo-há o Indo ver, e o Gange ouvi-lo”
(Camões “Os Lusíadas” canto XXXIII)