(Jádison Coelho, em 25 de Julho de 2013)
Hoje de noite quando acordei
sonhei a vida e me espantei:
eu tenho mais de vinte anos.
E até medo eu senti,
parece que foi ontem e logo ali,
quando de dia planejava o meu hoje
que nunca chega e sempre passa.
Na madrugada me vesti,
me rasurei, me detive
nas celas da vaidosa vaidade.
E quantos projetos nem lembro mais,
meu destino parece não ser capaz
de ser vida planejada.
Carrego 10 mil anos no calcanhar.
As rugas me chagam pelas unhas dos pés,
vivo morto na beirada do medo
de ter o tempo estampado em minha cara
lânguida como uma unha apodrecida de madura:
pronta por cair.
Corro para a rua vendo a lua.
Enlouqueço,
quero um stop no tempo to stop doing dar no tempo certo,
de tanto fôlego , e tanto fôlego, sufocado de tanto fôlego
a me fazer sobrado ao vento.
Já as varizes,
as varizes me doem as pernas.
E eu só tenho apenas mais de vinte anos.
O futuro em minha porta
está ele de malas prontas
e entra lambendo os dedos dos pés
para a morte, que é logo ali.
Não morrerei velho,
assim foi cantado e assim é sabido.
Pois, jovem velho vivo do grito,
vivo do espirro.
Amanhã tirarei um cochilo.
Sonâmbulo ainda me admirarei:
EU TENHO MAIS DE VINTE ANOS!