Ressonância íntima, depuração
mágoa, tempo vazio, no qual o eu repousa.
Anseio, projecção, sentir,
elegia, relapso, encontro
e tudo é:
«efémero», «instante», «fremir»,
«sedução», «carência»…
Íntimos recantos, que dão lastro
à insustentável leveza do ser!
No silêncio ergue-se uma voz pura, intimista
canta o despontar da crisálida
com o onirismo da natureza simbólica
vem lentamente como uma brisa que passou
um desafio de luz, na escuridão
um turbilhão de lava, na secura
que me vai engolir trago a trago.
Sinto uma pulverização do eu
um prolongamento do meu ser
com o seu corpo a escrever no meu
sonhos, medos, audácias
pelas esquinas rudes e curvilíneas
de um lago de lodo escorregadio
onde me deixo esvair.
O amor liberta-me do mistério labiríntico
expulsando enigmas, contradições
rasgando comoções que me iluminam e assombram.