Andamos na lua
Moramos na rua
Fomos poetas
Fizemos serestas
Tivemos amores
Criamos rancores
Bebemos cachaça
Fizemos pirraça
No meio da praça
No mundo da lua.
Agora sangrenta
A rua nojenta
Ninguém mais agüenta
Sofrer desse medo
O medo da rua
Sem sonho, sem lua,
Poetas, amores,
Rancores, pirraça.
No meio da praça
Quanta desgraça.
Cadê o ritual
Noite, alegria,
Criação, poesia,
Seresta, segredos?
Sem medo se amava,
Sonhava. Podia.
Porque era magia
Andar pela Rua
Cantar para a Lua
E viver sem ter medo.