Para o Pai
Aqui nesta terra distante
De Angola que nos viu nascer
Lá, lutou como gigante
Para nós podermos crescer!
Crescemos com o seu exemplo
Valores que não podemos perder
Meu Pai: mostrou-nos o tempo
Que vale sempre a pena viver
Juntou: cal, pedras e cimento
Levantou paredes, fez casas
Para quando chegasse o momento
Tivessem vossas vidas folgadas
Depois veio a primavera
de Abril de 1974
Numa saída forçada,
Tudo deixou de ser o que era
E, naquela primavera,
Crescia um sonho perdido
Neste Portugal sem sentido.
Os pesadelos nos seguem
Neste País que nos recebeu
Passado, presente ou futuro?
Que alguém por nós escolheu
As nossas vidas prosseguem!
Por todo o saber que nos deu
Pela dignidade ensinada,
Nosso amor é todo seu
Se um dia, o Pai precisar:
Para o retribuir, estou cá eu!
António Alberto Camacho