"...Vento zunia nos tubos
de ventilação cheios de lágrimas..."
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fiasco
De rua em rua,
naquela noite,
todos aguardavam ouvir
os versos
escritos pelo poeta.
Fumaça saia
dos tufos
de lã
das estolas
das ricaças.
Nervos
à flor da pele,
grande expectativa.
Pequeno poema,
logrou os ouvintes.
Até um rato
cruzou a rua
fugindo de um gato
que fugia de um cão
enjoado dos versos
escritos pelo poeta.
Passava
um trem.
Vento zunia
nos tubos
de ventilação
cheios de lágrimas.
Um fiscal
de execuções
de obras
embargou a rua.
O poeta
levando uma lanterna
voluptuosamente decolava
do meio da rua
aplaudido pelo bas-fond.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."