E o orvalho bento perolando os lenhos...
Depois os eflúvios florais feito fumaça
Nevoando minhas retinas e a vidraça
Onde os meus dedos faziam desenhos.
Lá fora imperando a lei livre dos ventos.
Dentro de mim reinando uma melosa melancolia.
Eu rabiscando o vidro com meus pensamentos
Esperando o amanhecer de mais um novo dia.
Esboço um coração torto. Não gosto. apago.
Tento novamente e traço agora dois corações.
Borro. Refaço o traçado: Coloco dois patos no lago.
Mas os patos me parecem mais com dois leões.
Ao lado escrevo o meu nome com letras garrafais.
Meço e ponho dentro de um dos traços cordiforme.
Erro o cálculo e percebo que dentro já não cabe mais.
Por isso esboço um outro coração. Porém agora enorme.
Fico ali a rabiscar e a contar as horas uma a uma.
No teto vejo uma aranha tecendo mais uma rede.
Lá fora os eflúvios florais parecendo uma espuma.
Enquanto isso meus dedos rabiscam agora a parede.
Na minha insonsa insônia vejo a lua machucada
Como que se fosse mordida por um gigante lobo.
Rio de mim mesmo e me autoproclamo de bobo
Por tentar desenhar a lua na superfície caiada.
E o orvalho bento perolando os lenhos
Depois os eflúvios florais feito fumaça
Nevoando minhas retinas e a vidraça
Onde os meus dedos faziam desenhos.
Lá fora imperando a lei livre dos ventos.
Dentro de mim reinando uma melancolia.
Eu rabiscando o vidro com meus pensamentos
Esperando o amanhecer de mais um novo dia.
Gyl Ferrys