|
Re: amanhã haverá sóis
gostei. fez-me lembrar um soneto de Rimbaud, que segue:
ADORMECIDO NO VALE
Tradução: Ferreira Gullar
É um vão de verdura onde um riacho canta A espalhar pelas ervas farrapos de prata Como se delirasse, e o sol da montanha Num espumar de raios seu clarão desata.
Jovem soldado, boca aberta, a testa nua, Banhando a nuca em frescas águas azuis, Dorme estendido e ali sobre a relva flutua, Frágil, no leito verde onde chove luz.
Com os pés entre os lírios, sorri mansamente Como sorri no sono um menino doente. Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.
E já não sente o odor das flores, o macio Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito, Tem dois furos vermelhos do lado direito.
***
**
*
|