Ser de Monsaraz é ir ao encontro
de Raizes fundas de mim mesmo,
é ser de um Tempo que o próprio Tempo afastou
mas que prevalece na Memória da minh'Alma.
Memória longinqua, distante, fiél, mas permanente.
Tão longe e tão perto, tão forte e tão frágil
tão densa e obscura,
capaz de Resgatar do meu Ser mais profundo
a Memória da União das Almas.
Dor ilusória,
origem da separação de mim mesmo,
separação de ti,
de Deus e da Vida em cada um,
procura constante por caminhos pedregosos
capazes de marcar a Alma
p'la Saudade Sentida.
Saudade feita Fado, Fado elevado a Poesia,
Poesia dos Poetas!
Ser de Monsaraz é ir ao encontro
das Almas dos Poetas da Terra,
é transcender o além-mar que espelharam
nos seus escritos,
é passear por desertos floridos ou por jardins sombrios, nascidos à ponta da pena com que escreveram no livro da Vida.
Nascidos destes campos,
deixaram neles bem impressa
a Alma de Poetas-Visionários,
que livre, voou ao sabor do seu colorido
pôr-do-Sol,ou do seu mágico Amanhecer.
No fundo, o alvor Cristão
de um profundo Amor a estas Terras,
a estas tão solitárias pedrarias.
Os Poetas são assim...
Seres que ouvem a voz da própria Alma,
pessoas que se Sentem,
e que contam nas palavras
o âmago desse seu profundo Sentir.
Palavras que lhes devolvem
uma imagem de si mesmos,
seres que despertam os outros para o inatingível,
para o não-visivel, para o não-perceptivel.
Seres fora do comum dos mortais
que sentem para lá do Sentir,
que ouvem para lá do audível,
que veem para lá do visivel.
Almas que se veem sem espelho,
que se sentem sem tocar,
que se ouvem sem falar.
Seres estáticos num Tempo intemporal
que corre fora do comum das horas,
Corações que batem fora do peito,
lágrimas que correm sem face,
punhos que tremem sem mão,
pensamentos duros que vacilam.
Por vezes,
busca interminavel do «Eu perdido»
nas Memórias de um Tempo distante
que os conduz a uma entrega total
à Vida da Alma,
peregrinos sedentos de si,
que buscam um oásis
onde possam beber das águas da Paz
e repousar de si mesmos!
Em muitos momentos,
entrega total à dor de não se verem,
que um dia, se tornará na Alegria
de se espelharem.
É esta a Alma Mistica de Monsaraz
que vagueia tão distante
e tão perto das Almas alheias.
Alma de Poetas.
Senhores de uma Linhagem
cujo Sentir fez das suas Poesias
uma só Alma.
Macedo Papança, Conde de Monsaraz,
o Poeta cantador dos prados Alentejanos,
Alberto de Monsaraz, o Poeta-Esotérico
da Essência da Alma e Maria Flávia de Monsaraz, Senhora das Poéticas Águas do Sentir.
Macedo Papança, Conde de Monsaraz,escreveu um dia:
«Poetas...
no regaço dos Anjos,
que no Céu habitam,
possais esconder
para Sempre e agasalhar
vossas timidas Almas, que as Esferas,
num concerto de vastas Harmonias,
vos façam vibrar por toda a Eternidade»
Seu filho, Alberto de Monsaraz,
seguindo-lhe as pisadas,
mais tarde interrogou-se:
«Sentir a Alma ou "Sentir-se Alma?"
Creio "Sentir-se Alma",
expressão bem mais exacta:
Se é ela quem Sente, "Sente-se"... e o anseio
de "Sentir-se" é que a exalta e a arrebata.»
Sua neta, Maria Flávia de Monsaraz,
acrescentou certa vez:
«A Alma é isso que em nós Sente,
o Espirito é isso que em nós Sabe
e é preciso Unir o Pensar ao Sentir
para poder Saber»
Almas-Nobres, Poetas-Condes, Senhores de Monsaraz!
Três pessoas, três Vontades, três Espiritos... uma só Alma!
Monsaraz que se fez Vila
elevou-se ao Céu nos cantares destes Poetas.
Na Poesia, a sua Essência Mistica Triunfou,
dessa Essência Poética nasceu o Titulo,
e do titulo, o Nome que coroou o Sangue
de uma Dinastia de Seres Ungidos
pelo próprio Espirito.
Monsaraz é a minha Raiz,
sinto que é Essência que me corre
nas Veias do Pensamento
e que se eleva nas batidas Cardiacas do Coração da minh'Alma tão Transcendente,
tão Esotérica, tão Poetica, tão Portuguesa.
Ricardo Louro
- Aos Condes de Monsaraz -
(Texto do livro "Resgate das Memórias de um Templário" do mesmo autor.)
Ricardo Maria Louro