Peço-te perdão, minha mulher amada,
Por esse meu modo morno e mudo
Mas se meus dedos já não te dizem mais nada
É porque os meus lábios já te disseram de tudo.
Por isso hoje o dia amanheceu grafitado
Após noite tenebrosa de intensas chuvas.
Algo quebrou a inquietude das plantas;
Algo remexeu as águas, agoras turvas,
Deixando-as torrenciais, caudalosas e tantas...
Peço-te perdão, minha mulher querida,
Por não me permanecer sempre certo e forte
Mas na longa caminhada da estrada da vida
Teus olhos já não me serviam mais de norte.
Perdão pelos beijos que nunca foram dados
Pelos abraços que nunca foram recebidos
Pelos passeios ensaiados num lindo lago
Em dias ensolarados de Sábado ou Domingo...
Peço-te perdão, mulher querida e amada,
Pelo meu modo morno, estranho e sisudo.
Mas se hoje os meus dedos não te dizem nada
É porque os meus lábios já te disseram tudo.
Gyl Ferrys