Poemas : 

narizes em sinfonia

 

"... às vezes caminho devagar,
minha estrada é longa, não tenho pressa para chegar..."




narizes em sinfonia



I.
Andava eu, certa feita, por uma rua,
abandonada via, deserta e tão escura.
Carros passavam rápidos lá embaixo,
tanto silêncio imperava cá encima.

Nesse silêncio total,
escuridão bestial.
O fim das ilusões,
enfartes de corações.
Mas, esta é a minha rua,
caminho célere por ela.
Ás vezes caminho devagar,
pois minha estrada é longa
e não tenho pressa para chegar.



II.
Mal chego a uma esquina
tenho que parar, assustado.
Preciso urgente desviar
de um negócio avantajado,
assustador, formidando,
de longe vislumbrando
dois enormes buracos
cavernas antidiluvianas.
Paralisado pelo medo
que à noite traria insônia,
era bestial, fera da Amazônia.
Logo descobri, não era monstro,
era o nariz da Sônia.

Continuo andando,
meu caminho é longo
e agora não tenho pressa.
Vejo algo semelhante a um cone,
dou um pulo, mas logo me acalmo:
- é o nariz do Jone.
Alguma coisa se move perto,
logo vou ver o que é,
parece uma salamandra,
mas olhando bem,
vejo que é o nariz da Sandra .

É facho luminoso,
poderia dizer esplendoroso,
parece o fogo de santelmo,
mas é o nariz do Anselmo.
Outro, é de púrpura doura,
olhando bem, nada disso:
- é o nariz da Isoura.



III.
A minha rua é longa,
eu caminho por ela.
Olho adiante, para o final,
vejo uma coisa pouco frugal.
É batatal. Paradoxal,
quem vê logo garante,
que foi o diabo quem fez:
mas eu já sei bem logo,
que é só o nariz da Inês.

Nessa minha rua escura,
vejo próximo à esquina,
coisa eu enche uma tina,
e se não fossem os recursos
da plástica medicina,
encheria até uma piscina,
esse nariz da Cristina.

Venta tão suave.
Tênue passa a brisa
ondeando dentro dela,
o nariz da Marilisa.
Depois me surge pela frente
um que nunca vi,
é mesmo diferente,
esse nariz da Sueli



IV.
É assim mesmo essa rua,
tinta com seus matizes,
escura de vez, não fosse a lua,
está cheia de narizes.

Cheia mesmo de narizes,
esta minha rua é.
Há os feitos de giz,
como o do Luis,
o que faz alarme,
como o da Carmem,
aqueles de vedete,
como o da Bernadete.
Há o tipo educado,
que sempre é notado.
Antes de virar a esquina avisa,
é o nariz da Marisa.

Vejo agora um que faz pose,
diferente, pré diluviano,
é o nariz da Rose,
perfeito e típico praiano.
Um dos mais chatos,
é o nariz do Matos.
Cheira chulé,
o nariz do André.
Um pouco aberto,
o nariz do Roberto.
Parece gêmeo do Mauro,
não fede nem cheira,
o nariz do Lauro.



Narizes, quanto narizes,
nesta rua os há demais.
Só esqueci o do Amadeu,
e nem penso em falar do meu.






" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
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LuizMorais
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/07/2013 14:13  Atualizado: 16/07/2013 14:13
 Re: narizes em sinfonia
Muito criativo