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Ai de mim, os navegantes!
O rio inventado
preso no cerrado.
O lamento das águas do lago.
Quando melancólico
esqueço que instantes atrás,
em lampejos astrais,
decidira não mais lamentar.
É que a estética
da tristeza
me atrai.
A lágrima,
a liquidez densa
da tristeza.
A dança das olheiras
em madrugadas quentes
de amores multiformes.
A tristeza é essa fome eterna
de alimento imaterial.
O alimento
materializa-se
em instantes fugazes
de apetites vorazes
dos tristes.
O prato de trigo para os tristes.
E tão logo a boca,
cravada num torso qualquer
sorve o veneno do Epicuro,
a tez se entristece.
A alma de barriga cheia,
o triste com olhos
maiores que a barriga.
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