Poemas : 

Você tem fome de quê ou A fome do triste

 
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Ai de mim, os navegantes!
O rio inventado
preso no cerrado.
O lamento das águas do lago.

Quando melancólico
esqueço que instantes atrás,
em lampejos astrais,
decidira não mais lamentar.

É que a estética
da tristeza
me atrai.

A lágrima,
a liquidez densa
da tristeza.

A dança das olheiras
em madrugadas quentes
de amores multiformes.

A tristeza é essa fome eterna
de alimento imaterial.

O alimento
materializa-se
em instantes fugazes
de apetites vorazes
dos tristes.

O prato de trigo para os tristes.

E tão logo a boca,
cravada num torso qualquer
sorve o veneno do Epicuro,
a tez se entristece.

A alma de barriga cheia,
o triste com olhos
maiores que a barriga.

.

 
Autor
thiagodebarros
 
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