Ponte
Névoa... Sombras... Sons...
Luz... Auras... Dons...
pouco vejo, contudo tudo escuto.
No escutar ouço o cair das tábuas
nesta ponte, por onde te perscruto...
é o deslocar desse chão em movimento
é o ranger e o gingar fruto do vento...
carrasco e mensageiro das tuas mágoas.
Sinto faltas nesse piso
desta ponte que preciso..
sinto-me receoso ao não ver;
sinto dor por não conseguir avançar,
e afinal...
nem tão pouco te alcançar,
apenas... e só... num simples querer.
Quero ir em teu encontro, ao teu abraço.
Pontes que se construiram até ti
e que eu não conheço e nem vivi.
Mas e esta...
que defeitos e virtudes encerra
de que terra é feito esse chão
onde cada uma das estacas se enterra?
Ponte viva e meia solta em suas margens...
batem em cadencia,
constantemente, as águas
puxam,
permanentemente, as suas fortes correntes
testes à resistência de cada um de nós
de cada uma das partes da construção
das tábuas, dos cravos... das cordas que a atam.
Ainda assim permite-nos enormes viagens;
do imaginário ao real, na dúvida e na dor...
do sorriso à lágrima, no prazer e no amor...
esses sentimentos que afinal são a ponte
que tanto os sinto em minha mão sem fim
que tanto os vejo ao longe no horizonte
esses que por ti sinto e que também sentes
esses que estão cravados em mim
como se em mil estacas, fortemente, assentes!
Rodrigo Lamar 12/07/2013