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E enquanto a música faz-se pouso para palavras que não sei pronunciar,
O silêncio cede espaço para as sensações que nele se traduzem
- Este frio ligeiro que sussurra Inverno no pescoço,
A dormência que me lembra que há muito que estou sentado,
Olhando para um algo que não existe e, ainda assim, me faz existir.

E enquanto estas notas erráticas se escapam da melodia do meu passo parado,
As minhas mãos descompassadas pontuam as pausas da mente.
Fazem-me acreditar que pensamentos têm ordem e obra,
Que podem mais do que este soluçar fragmentado;
Mas também a esperança de uma certeza não passa de um brilho intermitente.

E enquanto esta voz se acumula nos meus ombros e me abraça em segredo,
Encontro nas nuvens de perto a cor desta dor vinda de longe;
Essas fontes que choram as mesmas lágrimas para saciar a mesma sede,
E entre a humidade do seu corpo-espectro escondem o suor dos meus olhos...

E, entretanto, a música parou, as nuvens lá vão e eu nada sou.

(08-01-13)
 
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anonimuzz
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 05/07/2013 08:47  Atualizado: 05/07/2013 08:47
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 Re: "Fones"
Belíssimo...ah, mas eu tenho a certeza que as nuvens passaram a música voltará aos teus ouvidos e tu vais continuar, és um Poeta a sério.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/07/2013 11:13  Atualizado: 05/07/2013 11:13
 Re: "Fones"
Palavras sentidas junto ao um poema muito sentimental. A tristeza corroe o nosso coração