Que violência exerceu no semelhante.
“Ó ira louca, ó ambição, que impele
Na curta vida nossa, ao inferno arrasta
E para sempre nos submerge nele!” “
Divina Comédia _ inferno, canto XII - ver 48/51
Quem me dera, ao longo dos montes de ouro, avidamente enlouquecer,
como quem sobre a vítima do próprio sangue insanamente se alegra.
Nos braços quentes de uma prostituta por um momento, esquecer
quem foi o bêbado maldito. Me entrega frágil à vida quando me renega.
Como se estivesse sob uma névoa cinza como pesada carga de sofrimento,
eu ganhava, na idade adulta, a memória distante das trevas que passei.
Ora sigo meu triste caminho, meus atos e palavras não são um portento,
a memória delas martela como eco distante em sua repetição, isso eu sei.
Apesar da grandeza que vejo neste mundo, além do portal do universo,
a prima gota de sangue derramado contaminou para sempre a face da terra,
vergonha contaminada do mundo; afasta-a de mim; no céu, cada raio conduz!
Queria poder ser insensível, corpo inerte e frio, para me enganar, perverso,
esconder a enormidade de flagrante injustiça, da vista de que emperra,
para acalmar a mente, o coração elevar e conquistar, importante essa luz.