.
De vez em quando
eu redescubro que posso começar
tudo de novo.
Não que eu possa voltar ao ovo,
mas que eu possa botar para quebrar,
gemer talvez.
Assim as coisas ficarão claras,
límpidas,
brancas,
calcificadas.
Eu crio a estrutura
mesmo sem pretendê-la.
A estrutura,
o concreto,
o chão que eu piso.
Todos os passos que dou
onde quer que esteja.
Minha trilha.
Meu estado de espírito material.
Minha pessoa orgânica,
meu bipedalismo astral.
A vida é um grande sinônimo.
Tudo que eu falo
é vida.
Meu dicionário,
de uma palavra só,
no itinerário
vai, volta,
vê
verdade:
vida!
Qualquer coisa é vida.
Mesmo as mais doídas.
Doído é sentido,
sentido da vida.
A vida na casca de nós,
a nossa cara dura,
de pau.
.