Um dia beberemos café
Sentados à mesma mesa.
Conversaremos do trivial
Olharemos um para o outro
E tudo parecerá natural.
Sorriremos sem porquê
Enquanto a chuva lá fora cai.
As mãos dadas,
Ao sofá levar-nos-hão ao sofá
E lá no meu colo, adormecerás.
Os teus cabelos enrolados nos meus dedos
As minhas pernas de almofadas
Enquanto te encho a testa de beijos.
Ripostas,
Tentas que pare.
Fazes-me cocegas
Até à exaustão me cansar.
Caímos cada um para seu lado
Com vontade de recomeçar
Voltas-te a a deita
E uma vontade descontrolada
Faz-me querer cantar.
Canto versos de alegria
De paz e amor
Toco guitarra na perna que me sobra
Com as mãos que decidiste soltar.
Toco baixinho,
Musicas de solidão
Que toco para mim
E te tocam o coração.
São o espelho do que era
Antes de ter aqui comigo.
Agora é diferente...
Mesmo a sós,
Nunca me sinto sozinho
Tenho sempre a dor comigo...
Porque sei que estou apenas a sonhar
Não há guitarra nem voz no ar
Apenas a ausência e uma perna carente.
Pronta servir de almofada
Ver-te enroscar...
E no fim,
Sem te acordar...
Deitar-te na minha cama
E perder-me a olhar...
A olhar para ti...
César Ferreira.