Saudade é a definição exacta
d'um Coração Portugues
cujo o destino é o mar ...
Mar fundo, mar intenso, mar profundo e imenso!
Mar alto, mar complexo, mar extenso ...
Estamos a sós!
O mar é uma extensão de mim.
Vai onde eu não vou,
chega onde eu não chego!
Começa onde eu acabo,
leva-me para lá do horizonte...
Mar fisico e metafisico pejado de memória,
pejado de Saudade ...
Memória sem naus, barcos sem Vida,
caravelas sem quilhas.
Memória que é tão minha,
memória que me habita!
Poços meus de nostalgia que me fazem,
que me escrevem, que em mim estão!
Poços abissais das nossas águas,
águas fundas, tão fundas, tão intensas.
Águas que nos escorrem as entranhas,
que nos gelam os sentidos.
Águas de Portugal!
Águas de Poeta!
Poetas d'água!
Eis que Somos ...
Águas Portuguesas que me habitam,
águas que me escorrem as veias do sentir.
Mas há em mim outro compasso além do coração
neste estar a sós com o mar:
oiço gritos de gaivotas solitárias,
que por serem livres, pagam alto preço,
a solidão! Ou o bater das frias ondas
que me chegam de outras margens.
Que margens?!
Tudo está em mim neste areal feito de pó.
Pó que também sou! Pó que também sinto!
É este meu intimo estar a sós com o mar ...
Ricardo Louro
em Sines
frente ao mar
Ricardo Maria Louro