"[VIAJANDO PELO BRASIL]".
Peguei meu saco,de dormir,
minha viola e saí por ai,
desci no Rio Grande do sul,
dancei um fandango e vanerão,
passei por Santa Catarina,
vistei uma mina,de carvão.
Pelo Paraná vi muita agricultura,
verdes campos beleza pura,
e a arte da serra do mar.
Fui para o Mato Grosso do Sul,
eu vi as garças no céu azul,
muito boi na estrada,empoeirada,
vaqueiros e seus berrantes,
tocando à todo instante.
Chegando em Mato Grosso,
comi muito peixe pintado,
cor de onça no amontoado,
vivendo do lado de lá.
Num canto de Goiás,
andando logo atras,
por debaixo do serrado,
chegando logo,
em Minas Gerais
da arte do barroco,
que de tudo tem um pouco,
de um Aleijado muito capaz.
Voltando pra São Paulo,
terra boa produtiva,
que a industria adotou,
prosperando nunca mais largou,
do samba de breque,
e a cultura um leque,
que para o mundo se abriu.
No Rio de Janeiro,
quis chegar inteiro,
pra brincar o carnaval,
numa alegria total,
entre samba e mulata,
cordão batendo lata,
de maneira fenomenal.
No Espírito Santo,
nem te conto,
o que me ocupou por lá,
além de mulher bonita,
sem frescura e sem fita,
muito abacaxi pra descascar,
Passei pra a Bahia,
vi tanta alegria,
na capoeira,
dança maneira,
e menina de trança,
linda faceira.
Dando volta pra esquerda,
sem nada de perda
cheguei no Tocantins,
com todos os afins,
instalei meu coração,
compondo uma bela canção,
mimando esse berço,
que o estado tem só um terço,
da natural população.
Viajei pro belo nordeste,
com tanto cabra da peste,
só cachaça boa tomei,
em Sergipe e Alagoas,
bebedeira das bem boas.
Encontrando em Pernambuco,
ditado que retruco,
"só frevo e maracatu",
voo raso de anu,
metido a urubu.
Na bela Paraíba,
gente alegre decidida
terra de mulher macho,
que cozinha no tacho,
buchada e pimenta ardida,
No Rio Grande do Norte,
tive muita sorte,
com o povo potiguar,
um jeque de presente,
senti feliz e contente,
saindo a galopar.
Atravessei no Ceará,
terra de jangadeiro,
lida de pescador guerreiro,
que tira seu sustento de lá.
Um dia só no Piauí,
muita coisa vi e fiz aqui,
carne de bode brabo,
é a tradição desse estado,
sem intenção de sair dali.
Ao chegar no Maranhão,
senti um cheiro bom,
do farto verde apresentado,
desgosto também mostrado,
nas derrubadas do sertão.
Passeando no Pará,
castanheiras pra se olhar,
monumentos da natureza,
de rara e grande beleza,
que só tem nesse lugar.
A ilha de Marajó,
um cantinho tão só,
onde o marajoara,
de o búfalo ali vara,
nas enchentes do lençol.
Dei um pulo no Amapá,
senti que tudo por lá,
é bem longe distante,
perto só o horizonte,
que sempre belo está.
Pela encosta fui à Roraima,
terra alta rica,muita bocaina,
no extremo do nosso nortão,
gente restrita do mundão,
não se vê em qualquer esquina.
No Amazonas e seu rio à cantar,
corre diretamente para o mar,
me deixou um pensamento,
Meu Deus que momento,
impar peculiar.
Fiquei um pouquinho no Acre,
assisti quase um massacre,
do lagarto da areia,
bicho que corre e esperneia,
com o calor de se matar.
Finalmente a Rondônia novinha,
como criança que engatinha,
com próspero progresso,
mas já fazendo sucesso,
com bom café pra negociar.
Agora vou para Brasilia,
mostrar essa trilha,
que fiz pelo Brasil inteiro,
nos Estados brasileiros,
que ainda há harmonia,
felicidade e sintonia,
dum território,feito de alegria...